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Mostrando postagens de 2011

Individualismo ou coletividade: eis a questão

               Há alguns anos figurei linguagens sobre o esporte nacional na coluna de meu estimado amigo Carlos Mosquera. Na ocasião mencionei que não tinha mais vontade alguma para acompanhar o Futebol frente aos escândalos da máfia do apito, denunciada em 2003, onde os resultados das partidas foram manipulados para oferecer ganhos para um esquema de corrupção de apostadores de loterias esportivas.             Não sou ingênuo no que diz respeito aos processos políticos e econômicos vinculados ao jogo reinventado pelos ingleses e, pouco mais tarde, incorporado por nós brasileiros e outras nações como esporte de massa, das multidões. Sobre esse aspecto, estamos vivenciando um período de debate popular acerca de sermos os anfitriões da Copa do Mundo de 2014. Já há indícios de apropriação do que é público pelo que se diz privado, ou seja, daquilo que deveria ser de todos para pertencer a poucos. Isso nos faz lembrar o célebre Tom Jobim que, numa única frase, descreveu o Brasil para um es

Tônus muscular em pessoas com deficiência visual

O TÔNUS MUSCULAR é um estado de vigília da musculatura corporal, tanto estriada (esquelética ou cardíaca), quanto lisa ou viceral. Toda atividade tônica envolve, basicamente, contração e relaxamento. A tonicidade revela muito sobre o estado orgânico de uma pessoa. Temos desde exemplos extremos como o tônus dinâmico no corpo de um indivíduo que está vívo e a rigidez observada num cadáver. É fácil constatar que há indivíduos que apresentam harmonia e/ou desarmonia tônica, por exemplo, uma adolescente muito ansiosa apresenta um tônus tenso. Um paciente depressivo pode parecer excessivamente relaxado em algumas situações. As alterações do tônus refletem na psicossomática do corpo humano. As variações tônicas ocorrem de forma natural durante o ciclo vigília e sono, todos os dias. Também acontecem em função da idade, afinal o amadurecimento das estruturas neurofisiológicas interagem indistintamente com a musculatura corporal, pois o aparelho psicobiológico envolvido é o neuromuscular. Sendo

Parâmetros psicomotores em pessoas com deficiência visual

Por ser uma ciência encruzilhada, a Psicomotricidade recebe múltiplas influências de áreas distintas, como nas áreas da saúde e ciências humanas. Cada abordagem elege seus focos de investigação e intervenção propícios. No presente texto, sem perder a coerência com os objetos de estudo da Psicomotricidade, ou seja, o corpo, o movimento e a consciência (inconsciência), serão alencados os parâmetros psicomotores e, estes, por sua vez, discutidos frente a questão das pessoas com deficiência visual. Parâmetros psicomotores: 1) Tônus muscular; 2) Sensório-motricidade; 3) Respiração; 4) Postura corporal; 5) Equilíbrio; 6) Esquema corporal; 7) Imagem corporal; 8) Organização, orientação e localização espacial; 9) Organização, orientação temporal; 10) Lateralidade; 11) Coordenação motora fina; 12) Coordenação motora global. Assim como um ano possui doze (12) meses, a Psicomotricidade pode apresentar uma classificação de doze (12) parâmetros. O desenvolvimento neuropsicomotor har

Psicomotricidade para pessoas com deficiência visual: reflexões iniciais

Diversos modelos neurocientíficos e psicomotores tradicionais apresentam o aparato visual humano como uma estrutura nobre do sistema nervoso, corresponsável direto pelo desenvolvimento psicomotor. Surge um questionamento básico: se o funcionamento do sentido visual e suas estruturas correspondentes no sistema nervoso são decisivas para um otimizado processo de desenvolvimento psicomotor, como isso ocorre quando uma pessoa possui deficiência visual? Uma opção interessante para iniciar a construção de um raciocínio sobre a psicomotricidade para pessoas com deficiência visual é refletir sobre os apontamentos do filósofo empirista George Berkeley, que publicou em 1709 a "Nova teoria da visão" e a defendeu e explicou em 1773 (CAPPELLO, 2007). Considere uma pessoa que nasceu cega, passou pela infância sem ver absolutamente nada e, na adolescência, realizou uma cirurgia que lhe possibilitou enxergar. Essa experiência cirúrgica ocorreu em 1728 com o médico inglês William Cheselden,

O objeto de estudo em Psicomotricidade

Observa-se que na definição de Psicomotricidade proposta pela Associação Brasileira de Psicomotricidade - ABP, estão presentes algumas palavras chaves, a citar: corpo; movimento; mundo interno e mundo externo (ABP, 2011) . É interessante pontuar que a Psicomotricidade já foi entendida como ciência encruzilhada, pois ao receber influências das ciências humanas, sociais, exatas e da saúde, constituiu-se como um mosaico de teorias e práticas, certas vezes, incoesas (COSTE, 1978). Contudo, a imensa maioria dos estudiosos do tema utilizam as mesmas palavras chave anteriormente mencionadas em seus conceitos e/ou definições. Cada um ao seu modo, fazendo prevalecer mais um ponto de vista em detrimento de outro, cada qual influenciado por sua visão particular de mundo e de ser humano no mundo. Notadamente, o conhecimento tende a evoluir com o contraditório. Mesmo que essa evolução não seja linear com o passar dos anos, percebe-se que no caso específico da Psicomotricidade, após aproximadament

Psicomotricidade

A Psicomotricidade foi definida como a "ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo" (SBP, 2011). Etimologicamente a palavra Psicomotricidade desenvolveu-se a partir do termo "psicomotor", cunhado pelo médico francês Phellipe Tissié no final do Século XIX. Este personagem da história da Psicomotricidade lançou o termo para designar a área cortical correspondente a junção entre as funções do pensamento e do movimento corporal, ou seja, o córtex frontal do cérebro (LE CAMUS, 1986). A Psicomotricidade passou a existir como  área de intervenção profissional e investigação científica nas primeiras duas décadas do Século XX, tendo como pioneiro o neurologista francês Dupré, responsável por elucidar a independência entre a debilidade motora em relação a estrutura e função do sistema nervoso (LE CAMUS, 1986). Desde então, pode-se dizer que a Psicomotricidade evoluiu em três vertentes distintas

Professor Coquerel

Bacharel em Educação Física e Esportes e Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Especialista em Tecnologias e Educação a Distância (UNC). Doutorando em Neurociências e Professor do Departamento de Educação Física (DEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) (www.ufrn.br). Docente de Cursos de Pós-Graduação na área psicomotora. Tem experiência na área de Educação Física com ênfase em Psicomotricidade, Ludomotricidade, Gerontomotricidade, Avaliação Psicomotora, Neurociências e Educação a Distância.