Psicomotricidade

A Psicomotricidade foi definida como a "ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo" (SBP, 2011).
Etimologicamente a palavra Psicomotricidade desenvolveu-se a partir do termo "psicomotor", cunhado pelo médico francês Phellipe Tissié no final do Século XIX. Este personagem da história da Psicomotricidade lançou o termo para designar a área cortical correspondente a junção entre as funções do pensamento e do movimento corporal, ou seja, o córtex frontal do cérebro (LE CAMUS, 1986).
A Psicomotricidade passou a existir como área de intervenção profissional e investigação científica nas primeiras duas décadas do Século XX, tendo como pioneiro o neurologista francês Dupré, responsável por elucidar a independência entre a debilidade motora em relação a estrutura e função do sistema nervoso (LE CAMUS, 1986). Desde então, pode-se dizer que a Psicomotricidade evoluiu em três vertentes distintas, que são: 1) Reeducação psicomotora; 2) Terapia psicomotora; e 3) Educação psicomotora (LE BOUCH, 1992). A primeira com identidade biomédica, a segunda com notórias influências da Psicanálise e suas ramificações e, a última, com forte apelo educacional. Por haver estas diferentes abordagens, alguns estudiosos entendem a Psicomotricidade como uma ciência encruzilhada, um mosaico de práticas e conceitos (COSTE, 1978). Muitos pesquisadores se destacaram no percurso histórico desta área de conhecimento, porém foi com os trabalhos dos Professores de Educação Física franceses, André Lapierre e Bernard Aucouturier, que a educação psicomotora se consolidou em sua dimensão relacional. A Psicomotricidade Relacional é apontada por muitos especialistas no assunto como uma das mais significativas contribuições teóricas e práticas da área (FALKENBACH; DIESEL; OLIVEIRA, 2010).
Apesar dos avanços constatados até o presente momento é preciso continuar a trajetória evolutiva da Psicomotricidade. As contribuições recentes das neurociências são um marco importante para justificar a releitura das obras dos autores clássicos como Ajuriaguerra, Fonseca, Vayer, Le Bouch, Lapierre, Aucouturier e tantos outros, bem como abriu-se um novo leque de hipóteses a serem testadas sob o prisma das novíssimas técnicas de mapeamento das imagens da atividade cerebral. Deve-se repensar uma linguagem mais própria e independente para a Psicomotricidade, além de refletir profundamente sobre o objeto de estudo desta ciência em plena construção.


COSTE, J. C. A Psicomotricidade. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
FALKENBACH, A. P, DIESEL, D, OLIVEIRA, L. C. de. O jogo da criança autista nas sessões de psicomotricidade relacional. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas, v. 31, n. 2, p. 203-214, janeiro 2010.LE BOULCH, J. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos. 7.ed. Porto alegre: Artes Médicas, 1992.
LE CAMUS, J. O corpo em discussão: da reeducação psicomotora as terapias de mediação corporal. Porto Alegre: Artmed, 1986.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE - SBP. A Psicomotricidade: definição. Disponível em: <www.psicomotricidade.com.br/apsicomotricidade.htm>. Acesso em: março de 2011.

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